Klaus Richmond
"Percebemos, após a Copa, que houve um reflexo bom, mas
não no volume ideal. O que observamos é que agosto, por exemplo, já foi
um mês fraco. Quando digo fraco não é só para o Museu, mas em outros
jogos de futebol e nos estádios. Creio que houve uma ressaca de futebol
devido a frustração com a Seleção (Brasileira)", disse o secretário de
turismo da cidade, Luiz Dias Guimarães, ao Terra.
Se no primeiro mês de funcionamento, até 15 de julho, o
museu recebeu 23.960 visitantes, o último balanço, entre 16 de setembro a
15 de outubro, registra a maior baixa, 4.771. No período anterior,
entre 16 de agosto a 15 de setembro, foram 6.127.
A prefeitura reconhece o consequente déficit mensal devido ao alto custo
operacional com a manutenção de equipamentos e funcionários. A gestão,
no entanto, é feita pela AmaBrasil, atual detentora do acervo de Pelé,
que precisa arcar com o prejuízo momentâneo. Estima-se que seja
necessário cerca de R$ 200 mil mensais para manter o local.
"Temos essa dificuldade hoje, é verdade, mas quero lembrar que não
dependemos só de bilheteria, contamos com patrocínios e promoção de
eventos, também. O museu faz eventos corporativos, infantis, enfim, é um
espaço de entretenimento. Temos ainda um salão para 400 pessoas, que
nos permite explorar isso e ajudará a fechar a conta desse custo
operacional. Creio que até dezembro anunciaremos alguns novos parceiros
e, em janeiro, teremos novos recursos para que o custo não seja maior do
que a arrecadação", explicou José Eduardo Moura, coordenador da Ama.
Para se ter uma ideia, a exposição de acervo do atleta
do século ainda perde por muito para pontos turísticos conhecidos na
cidade, considerado como atrativos para famílias, como o Orquidário e o
Aquário Municipal. O primeiro levou no último mês 17.594 visitantes,
enquanto o segundo 41.546.
Um dos cenários apontados como vilões foi a curta
divulgação para a própria inauguração às vésperas da Copa do Mundo. A
necessidade do cumprimento do prazo, após o adiamento da data oficial,
atrapalhou.
"Sem dúvida (a divulgação afetou até agora). A
inauguração do museu foi notícia em 45 países, teve uma repercussão
fantástica, mas foi pontual, somente da inauguração. Agora, precisamos
trabalhar várias frentes para recuperar", argumentou o secretário.
"Com relação ao Aquário e Orquidário são públicos
diferentes. O Museu atinge um público mais específico, interessado em
futebol, no Pelé e de fora da cidade. São equipamentos que custam mais
barato e você vai várias vezes no ano. O orquidário é outro tipo de
público, que quer contemplação, apaziguamento, um parque. E esses dois
atraem muito os santistas. O museu é mais para turistas", completou.
Oficialmente, o Museu Pelé conta com o apoio financeiro
do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), além de
29 empresas envolvidas entre cotas maiores e menores de patrocínio.
Para ser construído, contou com a captação de recursos junto à
iniciativa privada e estadual, que cedeu o imóvel de mais de 400 m². O
local ainda termina algumas obras, uma delas a Sala do Rei, em que Pelé
receberá visitas de figuras ilustres, além do lugar de armazenamento das
peças não utilizadas no acervo. Menos de 6%, cerca de 180, está em
exposição.
Para melhorar...
A esperança da prefeitura de
Santos de melhoria no público para 2015 passa pelo início da temporada
de cruzeiros marítimos na cidade, as promoções nos ingressos e,
principalmente, a presença de Pelé.
Pelé inaugurou museu em Santos com peças de sua carreira
Foto: Getty Images
"O museu é novo, tem só quatro meses e precisa de uma
maturação, uma divulgação contínua maior. Muita gente nem sabe da sua
existência. Tem o boca a boca, claro, mas essa temporada vai ser muito
importante para a vida do museu. Vamos ter um volume de visitação dentro
do que esperamos e gostaríamos de aproveitar o público dos cruzeiros
marítimos, que tem demonstrado grande interesse pelo Pelé. Prevemos um
movimento de quase 800 mil pessoas nessa temporada e o nosso empenho
será para seduzi-los através de ampla informação nos navios, de
operadores. Estamos nos organizando", disse Luiz Guimarães.
Os ingressos também são alvo de críticas pelo alto
valor: R$ 18 . A prefeitura e a administração do local se defendem
alegando que a meia-entrada, R$ 9, diferente de outras atrações é
estendida até crianças de dez anos. Além disso, uma série de parcerias
para gratuidades e promoções tem sido feitas, principalmente para as
escolas da região.
A presença de Pelé, por sua vez, é esperada com mais
assiduidade para o próximo ano. A prefeitura diz que ele tem visitado
periodicamente o local, acompanhado as obras de sua sala, mas acredita
que as suas aparições poderão ficar mais intensas devido a compromissos
contratuais que diminuirão.
"Ele tem sido presente, veio na semana passada,
inclusive, e só não tem vindo com frequência maior porque a sua sala
ainda está sendo montada. Mesmo assim, tem ajudado o arquiteto,
discutido detalhes. O Pelé tem uma agenda muito complicada, com
compromissos intensos, então nem sempre pode, mas ele está com essa
ideia, disposto a participar mais já que alguns compromissos contratuais
vão diminuir", concluiu Guimarães.
Nesta quarta-feira, o eterno camisa 10 estará no Museu
para o lançamento do livro "Museu Pelé: Restauração e Legado", quando
fará um breve pronunciamento à imprensa.
fonte: http://esportes.terra.com.br/santos/museu-pele-tem-dificuldades-e-espera-sobrevida-em-2015,b8bb638cafc99410VgnVCM5000009ccceb0aRCRD.html