segunda-feira, 13 de abril de 2015

CRUSTÁCEOS REVELAM O GRAU DE POLUIÇÃO DO COMPLEXO ESTUARINO DA REGIÃO

03/03/2015 07h39 - Atualizado em 03/03/2015 21h30


Poluição provoca o aparecimento de caranguejos 'mutantes' no litoral de SP


Alguns apareceram com deformações como resposta à poluição.
Pesquisa revelou contaminação em cinco manguezais de Santos.



Mariane Rossi Do G1 Santos

Grupo de Pesquisa em Biologia de Crustáceos (CRUSTA) da Unesp começou a fazer pesquisas sobre o caranguejo-uçá  (Foto: Divulgação/CRUSTA) 
Grupo de Pesquisa da Unesp faz pesquisas sobre o caranguejo-uçá (Foto: Divulgação/CRUSTA) 

Uma pesquisa mostrou que a poluição tem afetado a vida dos  caranguejos-uçá que vivem nos manguezais de cidades litorâneas do Estado de São Paulo. Alguns animais já nasceram com má formações devido a grande quantidade de metais pesados encontrados em cinco cidades da região. Segundo os pesquisadores, a contaminação do meio ambiente é proveniente do Polo Industrial de Cubatão, do Porto de Santos e dos lixões instalados na região. Além disso, o caranguejo-uçá 'mutante' chega na mesa dos brasileiros e coloca em risco a saúde de muita gente.
De acordo com a pesquisa, os maiores caranguejos 'mutantes', geralmente os mais 'suculentos', têm maior quantidade de metais pesados. Segundo o biólogo marinho e professor doutor Marcelo Pinheiro, as pessoas que consomem esse animal também acumulam esses metais pesados. "Isso pode acarretar em maior incidência de câncer, más formações e problemas neurológicos", afirma ele, que também não recomenda o consumo desses animais provenientes da Baixada Santista.

Pinheiro começou a estudar esses caranguejos a partir de 1998. “Percebi que pouco se sabia cientificamente sobre essa espécie”, afirma. Junto com o Grupo de Pesquisa em Biologia de Crustáceos (CRUSTA) da Unesp de São Vicente, ele começou a fazer pesquisas sobre o caranguejo-uçá. Na primeira fase, foi estudada a biologia do animal e, na segunda etapa, o grupo pesquisou mais aspectos relacionados à biologia pesqueira deste recurso, também fazendo ações de educação ambiental.

Exemplar com má formação foi encontrado em São Vicente (Foto: Divulgação/CRUSTA) 
Exemplar com má formação foi encontrado emSão Vicente (Foto: Divulgação/CRUSTA)

Ele e outros  pesquisadores do CRUSTA (Dr. Felipe Duarte) e Unifesp Baixada Santista (Prof. Dr. Camilo Pereira) se depararam com um animal encontrado por pescadores, em São Vicente. O exemplar do caranguejo-uçá apresentava má formação em uma das pinças. “O animal lutou com outro animal e perdeu uma parte do corpo. Em vez de regenerar um dedo só, ele regenerou cinco dedos. Parece uma mãozinha. Inclusive era funcional. Esse tipo de trabalho me sensibilizou e ampliamos os estudos”, explica o biólogo. O animal foi analisado em laboratório. O caranguejo apresentou alta incidência de células micronucleadas (resultantes de problemas ocorridos durante a divisão celular), aproximadamente três vezes mais alta do que os valores considerados normais.


A partir desse exemplar, a equipe resolveu fazer uma terceira etapa do projeto e estudar o caranguejo-uçá em áreas de manguezal do Estado de São Paulo, sujeitas a diversas fontes de poluição, como os lixões públicos Alemoa/Sambaiatuba e o Polo Industrial de Cubatão, que podem afetar o desenvolvimento e o ciclo de vida dos animais. O estudo visava fazer uma avaliação mais ampla dos problemas ambientais existentes e a sua influência sobre os organismos estuarinos.

Foram 18 subáreas de manguezal analisadas em seis áreas, abrangendo Bertioga, Cubatão, São Vicente, Peruíbe, Iguape e Cananeia. Os pesquisadores coletaram amostras de água, folhas da planta mangue-vermelho, sedimentos, além de partes dos tecidos, vísceras e carne dos caranguejos. “Além de conhecer a qualidade dos manguezais, estávamos querendo saber se o caranguejo poderia ser utilizado como alimento ou se estava contaminado por metais”, diz ele. Os pesquisadores utilizaram duas técnicas de análise dos materiais e utilizaram uma amostra de quase 300 caranguejos.

Quatro metais pesados (cádmio, cobre, chumbo e mercúrio), com níveis superiores aos permitidos por leis ambientais, foram encontrados nos materiais coletados em Bertioga, Cubatão, São Vicente, Cananeia e Iguape. A Estação Ecológica da Jureia foi a única área que não apresentou nenhuma contaminação. “A duas áreas extremamente contaminadas seriam Cubatão e Bertioga. Existe cobre e chumbo na água, enquanto o sedimento possui elevada concentração de cádmio e mercúrio”, diz ele. Em Cananeia e Iguape, os níveis de contaminação por mercúrio nos sedimentos também foram elevados.

Estação Ecológica Jureia Itatins, em Peruíbe (Foto: Divulgação/Prefeitura de Peruíbe) 
Estação Ecológica Jureia Itatins, em Peruíbe (Foto: Divulgação/Prefeitura de Peruíbe)

Em Bertioga, a coleta foi feita perto do Rio Itapanhaú. No primeiro momento, os pesquisadores suspeitaram que a contaminação estaria relacionada ao rio, já que não há indústrias poluentes naquela região. “O que pode estar acontecendo, nós acreditamos, é que temos um lixão na BR-101 (Rio-Santos) que foi desativado. Mesmo coberto, o lixão pode estar emitindo substâncias prejudiciais ao meio-ambiente", diz. 

Em nota, a Prefeitura de Bertioga disse que o lixão foi desativado em 2001 e as medidas de controle foram aplicadas, como cobertura e instalação de drenos para gases. Em 2014, os proprietários da área realizaram uma investigação sobre a contaminação do solo, subsolo e água subterrânea e os resultados laboratoriais não apresentaram contaminação química. O laudo e o respectivo relatório foram apresentados para a Cetesb. A Prefeitura de Bertioga protocolou um processo na Cetesb para recuperação da área do antigo lixão, uma vez que não há resultado sobre contaminação química.

Para a secretária de Meio Ambiente de Bertioga, Marisa Roitman, é impreciso correlacionar a contaminação dos caranguejos ao antigo lixão de Bertioga, que funcionou por um curto período de tempo. Isto porque, segundo ela, o sistema estuarino da Baixada Santista é interligado, sendo que a contaminação pode vir do polo industrial de Cubatão ou do Porto de Santos, por exemplo.


Marcelo fala sobre a pesquisa realizada na região (Foto: Mariane Rossi/G1) 
Marcelo fala sobre a pesquisa realizada na região (Foto: Mariane Rossi/G1)

A equipe da Unesp também verificou que os caranguejos-uçá de Cubatão têm 2,6 vezes mais células com micronúcleos do que os da Jureia, a área pristina (sem poluição). Áreas que apresentam caranguejos com uma maior quantidade de células com micronúcleos correspondem àquelas com maior concentração de poluentes, podendo repercutir em deformações. Os valores obtidos para micronúcleos estiveram correlacionados à concentração de metais pesados. 

Para o biólogo, a poluição no ambiente tem relação com as mutações encontradas nos caranguejos nos últimos anos. “Aqui na Baixada Santista, principalmente nos manguezais de Cubatão e Bertioga, existe uma maior probabilidade de serem encontrados animais com má formação do que em locais menos poluídos, por conta do grande impacto causado pelos metais”, fala. Mesmo com a instalação de filtros e outras medidas ambientais, a contaminação em Cubatão estaria relacionada à atividade das fábricas, abundantes no Polo Industrial.

Segundo o especialista, em Iguape, as fontes de metais pesados são os resíduos de mineração que vieram com o Rio Ribeira de Iguape. Já em São Vicente, as principais vias de contaminação seriam os lixões, como o Sambaiatuba, visto que, mesmo após desativados, podem continuar emitindo metais pesados por até 25 anos. Outra causa seria o lixo que se acumula nos manguezais nesta região, reflexo de desconhecimento por parte da população como um todo. Os resultados obtidos indicam que caranguejos de áreas contaminadas têm maior probabilidade de contrair parasitas, sendo um possível indicativo de seu comprometimento fisiológico.

Uma das regiões analisadas pelos pesquisadores, em São Vicente (Foto: Divulgação/CRUSTA) 
Uma das regiões analisadas pelos pesquisadores, em São Vicente (Foto: Divulgação/CRUSTA)

fonte: http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2015/03/poluicao-provoca-o-aparecimento-de-caranguejos-mutantes-no-litoral-de-sp.html 



 


INCÊNDIO NA ALEMOA (Santos-RMBS)

Pó químico auxilia no combate ao fogo em incêndio na Alemoa

foto: Leandro Amaral

A empresa Ultracargo adquiriu quatro mil litros do produto cold fire (fogo frio), uma espécie de espuma, que deve ser jogada diretamente nas chamas

Pelo sexto dia, dois tanques de combustíveis da empresa Ultracargo, na Alemoa, em Santos, continuam pegando fogo nesta terça-feira (7). De acordo com o Corpo de Bombeiros, ainda não há uma previsão de quando as chamas serão totalmente extintas.

A operação conta com sete rebocadores que auxiliam na captação de água do mar e abastecem os caminhões de incêndio na frente de combate. São 118 bombeiros militares, 36 caminhões e quatro embarcações.
 
Para ajudar no combate ao fogo, a empresa Ultracargo adquiriu quatro mil litros do produto cold fire (fogo frio), uma espécie de espuma, que deve ser jogada diretamente nas chamas, concentradas no alto dos tanques. O produto foi transportado com o auxílio da Força Aérea Brasileira (FAB).
 
Poluição
Com relação à qualidade do ar, a Cetesb garante que vem sendo feito o monitoramento da qualidade do ar nas estações em Santos e Cubatão. Não houve aumento significativo na concentração dos poluentes avaliados (material particulado, dióxido de nitrogênio, dióxido de enxofre e ozônio), até o momento. 
As estações estão localizadas em um raio de seis a dez quilômetros do local do incêndio, no terminal de tancagem da empresa Ultracargo/Tequimar.
 
Os dados disponíveis mostram que a qualidade do ar nas estações de Santos variou entre a condição Boa e Moderada entre quinta-feira (2), início do incêndio, e domingo (5). Nesse mesmo período, nas estações de Cubatão verificou-se que a área central da cidade permaneceu com qualidade Boa e Moderada, enquanto a área industrial oscilou entre a condição Boa e Muito Ruim. Deve-se observar que a má condição da qualidade do ar na estação de Cubatão - Vila Parisi já era verificada antes do incêndio, por causa das contribuições das fontes locais.
 
Segundo eles, os riscos de exposição à poluição estão se mostrando menores, já que a pluma da fumaça está se elevando em razão do calor das chamas, dispersando os poluentes. No caso da população que vive mais próxima ao local do incêndio, a Cetesb está estudando a possibilidade de deslocar a estação de monitoramento móvel que se encontra no bairro da Ponta da Praia, na Praça José Rebouças, em Santos, para um local ainda mais próximo da área do incêndio.

Trânsito

O acesso de caminhões à margem direita do porto (Santos) ficará bloqueado até sexta-feira (10). A definição foi tomada nesta terça-feira (6) pelo Gabinete de Integração, que reúne setores da Prefeitura, governos estadual e federal, instituído para tomar medidas em relação ao incêndio na Alemoa.  A medida visa garantir o direito de ir e vir da população, resguardar a segurança dos caminhoneiros e evitar transtornos no trânsito na entrada da Cidade.
 
O bloqueio dos caminhoneiros será feito pela Polícia Rodoviária, com apoio da Ecovias (concessionária do sistema Anchieta-Imigrantes) e da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp). Veículos de carga com destino à margem esquerda do porto (Guarujá) estão liberados.
 
A barreira ocorre no Km 40 da Via Anchieta, mas será levado também ao Rodoanel e às rodovias Anhanguera, Dutra e Ayrton Senna. Os pontos dos demais bloqueios ainda não tinham sido definidos.  
 
O secretário de Segurança Pública do Estado, Alexandre de Moraes, ressalvou que veículos com produtos perecíveis e medicamentos serão liberados para seguir até o porto sob escolta. Segundo ele, esse movimento representa 5% do volume geral de carga.
fonte:  http://www.jornaldaorla.com.br/noticias/17841-po-quimico-auxilia-no-combate-ao-fogo-em-incendio-na-alemoa/