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sexta-feira, 7 de junho de 2013

POR QUE SÓ O PASSADO PRÉ-HISTÓRICO DE GUARUJÁ ESTÁ SENDO PESQUISADO E MAPEADO? E A HISTÓRIA DE 1500 ATÉ HOJE?

Guarujá abriga maior sítio arqueológico do mundo

22/03/12
Guarujá, que é conhecida pelas belezas naturais, começa a despontar no cenário internacional como um santuário histórico. E não é para menos. Afinal, a Cidade abriga o maior sambaqui do mundo. É o que garante o arqueólogo Manuel Gonzalez, diretor do Centro Regional de Pesquisas Arqueológicas (Cerpa) do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, que nesta quinta-feira (22), às 19 horas, proferiu a palestra “A Pré-História de Guarujá” na Faculdade Don Domênico. 


imagem - qui, 22/03/2012 - 15:21
 Gonzalez é formado em Ciências Biológicas pela PUC-SP, doutor em Arqueologia pelo Museu de Arqueologia e Etnologia da USP (MAE-USP), pós-doutor pelo Muséum National d'Histoire Naturelle de Paris (MNHN). Atualmente, além de diretor do Centro Regional de Pesquisas Arqueológicas, é professor de pós-graduação em Patrimônio Cultural da Universidade Santa Cecília (UniSanta).

Os sambaquis são sítios arqueológicos. Alguns têm formato de montanha. A base deles é calcário e matéria orgânica, como conchas, ossos humanos, fragmentos de peixes e mamíferos. Esses santuários arqueológicos são verdadeiros cemitérios pré-históricos.

No Município, até o momento foram identificados 15, sendo que 12 já estão registrados no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Dentre eles, o Crumaú, o mais alto do planeta, que tem 31 metros de altura e cerca de 100 metros de largura. Esse sítio arqueológico está localizado no Rio Crumaú, região de mangue entre a Serra do Guararu e o Canal de Bertioga.

Pelas dimensões do sambaqui Crumaú, acredita-se que sob ele estejam enterrados centenas de esqueletos humanos, provavelmente de antepassados dos índios tupiniquins e tupinambás, que habitavam o litoral paulista por volta de 5 mil anos A.C., entre o período pré-cerâmico e pós-cerâmico.

Segundo o arqueólogo da USP, os sambaquis eram feitos pelos povos primitivos, inicialmente, para enterrar os mortos. No ritual do sepultamento eram utilizadas conchas, que também serviam para os primatas como ferramentas. Por esse motivo, há grande quantidade desse material orgânico nesses sítios arqueológicos.

Município mapeia patrimônio histórico

Na última terça-feira (20/3), o arqueólogo da USP, Manoel Gonzalez, vistoriou os sambaquis da Cidade. A visita técnica coordenada pela Secretaria Municipal de Cultura teve como objetivo identificar novos sambaquis para registro no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Segundo secretário de Cultura, Elson Maceió, esses achados arqueológicos fazem parte de um complexo que está interligado a outros municípios da Baixada. “Estamos identificando o que estão espalhados em Guarujá e na Área Continental de Santos. O que eles têm em comum e que todos estão em área de preservação da União. Já registramos alguns e agora estamos atualizando os dados no Iphan”, explicou Maceió.

Conhecer esse verdadeiro tesouro da história da evolução humana é uma atração que reúne aventura e descoberta. Segundo o arqueólogo Manoel Gonzalez, simples conchas, como as marinhas e as lacustres facilmente encontradas nos sambaquis são capazes de revelar duas épocas de ocupação humana.

Além de conchas e restos de ossadas, os sambaquis também abrigam vestígios da ocupação do homem de um passado menos remoto, como pedaços de potes de cerâmicas e garrafas de vidro, além de porcelana alemã e inglesa, como as encontradas na vistoria da última terça. “Tudo indica que é porcelana inglesa do século XIX”, disse o arqueólogo da USP, baseado no símbolo estampado no rótulo do pedaço de louça.

O Município está fazendo um levantamento dos sambaquis para montar um Plano de Gestão. Esses registros darão subsídios para a realização de uma pesquisa científica, que inclui datação, ou seja, a identificação do período dos vestígios encontrados, e escavação pontual para encontrar novas informações.

“Com base nesses estudos será possível saber mais sobre os primeiros povos que habitaram Guarujá. Esse resgate é muito importante para a identidade do Município e do Brasil. É um espaço de tempo que não temos informações. Há um vácuo muito grande”, disse Gonzalez, ressaltando que a pesquisa ajudará a revelar fatos que não estão em livros.

Presente à vistoria, a historiadora e museóloga da Secretaria de Cultura, Mônica Damasceno, revelou que ficou emocionada com o que viu. “Não fazia ideia de como nossa Cidade é rica em material pré-histórico. A experiência foi única, pois nunca havia participado de uma vistoria arqueológica”, disse Mônica.

A historiadora lembra que no Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP existem objetos encontrados no sambaqui Maratuá. “Esses objetos foram achados na década de 60 numa expedição franco-brasileira”, contou Mônica, destacando que a maior parte desse acervo está na França, no Museu de História Natural de Paris.

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