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terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

PESCA DE PARELHA É PREDATÓRIA, MAS CONTINUA DEGRADANDO O ECOSSISTEMA MARINHO BRASILEIRO


27/07/2013 06h52 - Atualizado em 25/01/2014 07h10

Pesca de parelha é muito comum nas regiões Sul e Sudeste do Brasil

Modalidade utiliza duas embarcações e uma rede presa entre elas

No litoral de São Paulo, a pesca de parelha é realizada por barcos de tamanho médio, que podem carregar até 20 toneladas de peixes (Foto: Divulgação) 
No litoral de São Paulo, a pesca de parelha é realizada por barcos que podem carregar 20 toneladas de peixes (Foto: Divulgação)

Nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, é comum observar barcos navegando em pares, arrastando grandes redes de pesca que podem capturar mais de 50 toneladas de peixe por período de trabalho. Por essa característica - de navegar em pares - esse tipo de pesca é conhecido como pesca com arrasto de parelha. Relativamente barata e de grande retorno financeiro, essa modalidade é responsável pela captura de diversas espécies de peixes de menor valor financeiro, consumidas por pessoas de menor poder aquisitivo.

O biólogo Matheus Rotundo, pesquisador do Acervo Zoológico da Universidade Santa Cecília, em São Paulo (SP), explica que a pesca de parelha é uma das mais antigas e difundidas do mundo. Na técnica, dois barcos arrastam uma única rede, que atua em contato com o fundo do oceano. "Pesos de chumbo na parte inferior e boias na parte superior da rede mantêm a abertura vertical da boca", explica Matheus. O biólogo conta que a abertura horizontal da rede - ligada aos barcos por meio de cabos de aço - depende da distância entre as embarcações.

Na Região Sudeste, as embarcações possuem um tamanho médio, isso é, podem carregar de 20 a 50 toneladas de peixes. Já na Região Sul do país, as embarcações são consideradas de grande porte, possuindo capacidade maior que 50 toneladas. Matheus explica que ainda há prática de pesca de parelha no Norte do Brasil, utilizando barcos menores que nas demais regiões: "Na Região Norte, ainda é possível observar essa modalidade de pesca de arrasto categorizada como artesanal", comenta. A pesca é caracterizada como artesanal quando os barcos podem carregar até 20 mil quilos de pescado.

Pesca multiespecífica
Matheus explica que a pesca de parelha é direcionada a peixes de diversas espécies, associados à regiões de fundo do oceano. “Alguma das principais espécies comercializadas no Brasil são pescadas por meio dessa técnica”, comenta Matheus. Peixes como corvina (Micropogonias furnieri), pescada-amarela (Macrodon atricauda), goete (Cynoscion jamaicensis), bagre (Genidens barbus), além de espécies de cação e raias chegam aos mercados brasileiros vindo da pesca de parelha.

A frota de parelhas, de acordo com Matheus, é responsável pela quantidade e regularidade do fornecimento das espécies de peixe mais comercializadas no varejo. “Parte dessa produção é de baixo valor econômico, vendido por pequenos comerciantes para o consumo da população de baixa renda”, comenta.

Reduzindo impactos ambientais
O biólogo conta que, como toda pesca de arrasto, a modalidade de parelha causa impactos ambientais. Porém, em sua opinião, essa técnica sempre foi vista de uma forma preconceituosa. “Os principais prejuízos à natureza estão na fauna descartada ou rejeitada”, diz. Ele explica que animais - peixes, mariscos, tartarugas e mamíferos marinhos - de espécies e tamanhos fora do procurado acabam se prendendo nas redes e morrendo.

Apesar de causar tais impactos, para Matheus, a pesca de parelha provoca um dano ao meio ambiente menor do que o público acredita. “Se compararmos a principal modalidade de pesca artesanal, voltada para o camarão sete-barbas, vemos que os danos causados por essa frota são maiores que o da frota de parelha”, comenta. Segundo estudos realizados pelo biólogo, para cada quilo de camarão pescado, há dez quilos de animais capturados por engano. Ele diz que a pesca artesanal, praticada por um número  maior de pessoas, causa um impacto também maior.

Matheus explica que a pesca acidental pode ser evitada por meio de dispositivos colocados na rede de pesca. Na parte superior, deve ser inserida uma espécie de grade, que evitaria a entrada de peixes e tartarugas, além de sua soltura sem dificuldade. “Também podem ser colocados dispositivos que permitam a fuga de peixes menores que os alvos da pesca”, garante.

Acervo Museu da Pessoa
O Museu da Pessoa, que há 20 anos registra histórias de indivíduos para transformá-las em fontes de conhecimento, destacou em seu acervo histórias de de trabalhadores que tiram seu sustento da pesca e mantém uma relação consciente a respeito da preservação do litoral.

É o caso de Maria Aparecida Mendes, nascida em em Batalha (AL), em 1971 (Assista ao vídeo ao lado). Pequena, mudou-se para Sobradinho (BA), desde cedo ajudava o pai no ofício da pesca. Fabrica os próprios materiais e é a primeira mulher a conseguir licença de pescadora.
 

Confira também o depoimento de Ivo Augusto Souza, ao lado. Os mistérios do mar são a rotina de Ivo há cinco décadas. Passou sua infância com os pais executando tarefas ligadas à vida marinha. Aprendeu a ser pescador e de suas vivências guarda algumas memórias típicas de homens que se dedicam a viver longe das pessoas da terra.

O Museu da Pessoa é um museu virtual e colaborativo de relatos de vida. Toda e qualquer pessoa é convidada a contar histórias e a explorar o acervo de narrativas em textos, imagens, vídeos e áudios. E você pode participar dessa iniciativa contando sua história. Tem material relacionado à pesca? Envie para o Museu da Pessoa.

fonte: http://redeglobo.globo.com/globoecologia/noticia/2013/07/pesca-de-parelha-e-muito-comum-nas-regioes-sul-e-sudeste-do-brasil.html

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